As metrópoles brasileiras enfrentam muitos desafios únicos em razão ao crescente número de habitantes e, consequentemente, veículos. O resultado? Mobilidade urbana caótica, com poluição, congestionamentos e tempos de deslocamentos cada vez mais longos.
E não para por aí. Transporte público lotado, falta de rotas alternativas, longas distâncias e alto risco de acidentes também fazem parte da rotina de quem vive em grandes cidades.
Melhorar o transporte em metrópoles é uma das peças-chaves para enfrentar esses problemas, a fim de criar cidades mais sustentáveis, proporcionando melhor qualidade de vida às pessoas.
Importância da integração de modais para um planejamento urbano sustentável
A crise no trânsito e no transporte público das grandes cidades há tempos existe, mas nos últimos anos vem se agravando.
Um dos principais problemas enfrentados pelas metrópoles quando se trata de mobilidade urbana é a falta de planejamento urbano. Por outro lado, os transportes em metrópoles não acompanharam o rápido crescimento urbano, se desenvolvendo aquém do esperado, gerando um rápido sucateamento. Isso acabou incentivando que mais e mais pessoas adquirissem seu próprio transporte, aumentando ainda mais a frota de veículos nas ruas.
Assim, o crescimento desordenado das áreas urbanas, a ausência de políticas efetivas e o aumento da população têm resultado em graves desafios para garantir uma mobilidade eficiente, sustentável e acessível para todos.
Para garantir um fluxo de transporte mais saudável e estratégico nas grandes cidades, a integração de diferentes modais de transporte desempenha um papel fundamental.
Para isso funcionar, o Brasil teria que investir R$ 295 bilhões até 2042 para modernizar a mobilidade urbana nas principais metrópoles. Pelo menos é isso o que diz a CNI (Confederação Nacional da Indústria) através do documento “Mobilidade Urbana no Brasil: marco institucional e propostas de modernização”, divulgado este ano.
De acordo com o levantamento, o principal gargalo hoje nas grandes cidades é no transporte em modal sobre trilhos, com oferta insuficiente ou inexistente de metrô. Para corrigir essa falha, a CNI acredita ser necessário investir R$ 271,1 bilhões nas próximas duas décadas nas maiores metrópoles brasileiras, só expansão da malha e investimentos no metrô.
Mas enquanto isso não ocorre, integrar diferentes modais de transporte pode garantir que haja um fluxo de transporte mais saudável e estratégico nas metrópoles brasileiras.
Essa integração ocorreria entre metrôs, trens, ônibus, bicicletas e até os serviços de caronas. O objetivo é reduzir o tempo de viagem e melhorar a experiência do usuário. Para isso funcionar, é preciso criar mais alternativas de deslocamentos, como ciclovias, trens, hidrovias e metrôs.
Segundo Jacob Barata Filho, diretor da Viação UTIL, especialistas e gestores públicos do mundo inteiro constatam a necessidade de coordenar o uso do solo com o do transporte público, espinha dorsal de qualquer plano que venha orientar a ocupação espacial dentro de um marco legal bem definido. “A participação da iniciativa privada se insere nesse contexto, já que ela tem todo interesse em investir em projetos que possam ter sucesso e sejam rentáveis”, explica.
Melhorar o transporte público em grandes cidades é um desafio constante, mas a integração de diferentes modais de transporte se mostra como uma solução eficiente e relevante.
Ao conectar opções de transporte, reduzir o tempo de viagem, promover a acessibilidade universal e estimular a micromobilidade, espera-se criar um fluxo de transporte mais saudável e estratégico na cidade.
Essa abordagem favorece a eficiência, a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos, consolidando o transporte público como uma escolha inteligente e viável para enfrentar os desafios da mobilidade urbana nas grandes metrópoles.
Para Jacob Barata Filho, a oferta de mobilidade é cada vez mais sofisticada e plural, e o desafio de operadores e autoridades é construir modelos de governança que preservem a missão da mobilidade urbana, servir ao bem público, mas sem perder a perspectiva do negócio. “Neste aspecto, o papel das autoridades públicas é determinante: como toda concessão pública, o serviço de transporte de passageiros precisa ser regulado no sentido de preservar o interesse público, mas não pode engessar o operador para que ele possa se comprometer com a inovação”, salienta.
Como o planejamento urbano beneficia a população
Melhorar o transporte em metrópoles através da integração de modais e uso eficiente da malha urbana é uma tarefa desafiadora, mas crucial para promover uma mobilidade urbana eficiente, sustentável e acessível para todos.
Além de reduzir congestionamentos e tempos de viagem, essa tática de planejamento urbano promove a acessibilidade, otimiza o uso do espaço urbano e traz benefícios ambientais significativos. “O transporte público está se redefinindo a partir de uma cultura orientada para as pessoas, é lógico e imperativo para um serviço que conecta pessoas em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais conectadas”, reforça o diretor da Viação UTIL, Jacob Barata Filho.